quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Um lugar para sonhar

Editorial de Veronica Fraga para o Blog do Hotel Pequena Suécia


Quando estive pela primeira vez no Hotel Pequena Suécia, percebi alguma coisa mudar em mim. Foi surgindo devagarzinho e quando me dei conta, já tinha acontecido. Era a primeira vez que me sentia em casa, num hotel maravilhoso. Sensação deliciosa e bem diferente.  

Para começar, o lugar fica no sopé da serra das Agulhas Negras e é cercado por uma natureza deslumbrante!  Aos poucos, fui tomada por uma intensa alegria. Tudo me parecia familiar e me deixava muito à vontade. Primeiro, porque que me encontrava em contato com a natureza, o que sempre me fez muito bem.

A vida toda fui muito sintonizada com o verde, a serra, o campo... Mas era ela lá e eu aqui, na urbe. O máximo que conseguia imaginar, até então, era  viver no mato quando ficasse velhinha.  A sociedade incute coisas na cabeça da gente que não são nossas. Tipo: “jamais vou me acostumar a uma vida longe da metrópole”! Não é verdade! E nós só aprendemos a separar o joio do trigo com a maturidade. Ainda bem que temos essa chance! De repente, estava eu ali, num lugar sonhado como algo distante e me sentido em casa.
 
Experimentei uma espécie de confusão temporal entre presente e futuro, sonho e realidade. E a partir daquele momento, decidi que queria muito viver naquele lugar. Só que, desta
vez, o mais rápido possível. 
 
Curiosa, comecei a tentar descobrir o que me causava essa sensação tão boa.  E segui fazendo meu inventário. 
                                                                
Percebi um conjunto de fatores.
O lugar era decorado com muito bom gosto e personalidade. Nada de alto luxo! Muito melhor! Eu diria “novo luxo”. Em cada canto e recanto se via o esforço de criar beleza a partir das coisas simples. Além disso, tinha muito afeto contido nessa beleza. 
Havia também um contraste muito interessante entre objetos e móveis de época originais (que devem valer muito) com outros customizados, e muito artesanato.

Enfim, peças únicas. Um bom exemplar do estilo hi-lo, para usar a linguagem da moda, que vem fazendo a cabeça dos mais antenados.

O hotel tem apenas 18 chalés e suítes - o que o distingue de outros que têm dezenas, tipo “linha de produção” característica dos grandes hotéis. O que os deixam meio sem fisionomia e sem estilo.

No Pequena Suécia, não. Cada um é diferente do outro. E estilo é o que não falta! Está no patchwork das almofadas, nas clarabóias, nos lustres e abajures, por todo o canto. Todos têm lareiras e salinhas de estar integradas ao quarto. Do mais barato ao mais caro (Chalé do Príncipe).

De qualquer lugar que você olhe, a paisagem é sempre bela, pois a composição entre chalés, natureza, piscina, paisagismo, mimos e restaurante foi feita com muito equilíbrio.




Sem falar nos detalhes que, sem querer, a gente se perde admirando, como as folhas secas caídas no teto de vidro.  




Lá, a gente sente o cheio do bolo saindo do forno à tardinha, o aconchego da roupa de cama macia e limpinha, como as que temos em casa, vê flores e vasinhos por todos os cantos e ouve o canto dos passarinhos, enquanto faz uma sauna, trabalha no laptop ou assiste filmes na TV.

Não é preciso sair para comer, nem ter que encarar um self  service impessoal dos serviços de “pensão completa” porque tem restaurante com um excelente cardápio à la carte, onde podemos saborear deliciosas iguarias, bem preparadas e saudáveis. 


Pode escolher se prefere comer do lado de dentro ou de fora do rastaurante.



Depois relaxar num perfumado banho de banheira aromatizado, ou com as massagens e terapias do Spa Santo Ócio (esse nome é um achado!).



Tem lugar para fazer piquenique, como antigamente, um domingo no campo, trilhas para caminhadas a pé ou de bike por cachoeiras e outros paraísos escondidos de Penedo . 
Uma atmosfera familiar e acolhedora, que nos traz boas lembranças de infância, toma conta do lugar. 
O conforto é moderno, o resto é personalidade e tradição preservada que faz a gente respirar história daqui e da Suécia, em todos os detalhes: nas vestimentas das copeiras, nos pratos típicos do cardápio, nas guloseimas do café da manhã, nos móveis antigos, nos objetos, nas delicadezas...

É indescritível o prazer de acordar, olhar para cima e ver as árvores cruzando o céu azul nos dias de sol, depois tomar um farto e saboroso café da manhã - com biscoitinhos de canela e panquequinhas feitas na hora, e sentar para trabalhar no computador com a janela escancarada para uma vista deslumbrante! A paz, o cheiro das plantas, a cor da piscina sempre limpa... Não tem preço! 
E na noite de Natal ter o privilégio de jantar com o show de uma harpista do naipe de Cristina Braga, numa casa de jazz que fica dentro do hotel, não é o máximo?


Ou ainda, depois de se acabar de dançar numa festa de réveillon e assistir a uma queima de fogos de cair o queixo, acordar no dia seguinte com um farto brunch ao som de violino (ao vivo) e uma dupla de sopranos, interpretando desde música clássica aos clássicos da música pop!  Uhauuuu! É a visão do paraíso!

Faça sol ou faça chuva, tudo ali tem poesia. O que realmente importa está lá e nos é transmitido pelo dom de quem sabe dar significado às coisas materiais e aprendeu a resgatar a tradição e a beleza, sem perder de vista  o essencial.
Ainda não decifrei todo o mistério. Cada vez que pego a estrada e chego ao Pequena Suécia, descubro um pouco mais.  Afinal, ele é o primeiro hotel de Penedo, tem quase um século de história, experiência e tradição!
A minha casinha já está sendo providenciada lá mesmo, nos arredores.

Publicado em 1 de fevereiro de 2012 no Blog do Hotel Pequena Suécia (Penedo -RJ)
Editorial 
Veronica Fraga (editora do blog)

Produção Oficina Pixel.

Veja também:

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O alquimista dos metais - Casa Cor 2011

Publietitorial

RenatoMartins

Não estamos falando de transmutação de chumbo em ouro, mas de um dom incomparável capaz de transformar qualquer tipo de metal em arte, que só o Renato Martins, do Atelier O Melhor dos Metais, possui. Ele está por traz de centenas de projetos feitos por arquitetos consagrados, como Caco Borges, Paula Neder, Fernanda Pessoa Queiroz, Maurício Nóbrega, entre muitos outros. Seja em projetos de design de interiores, seja em mostras de decoração como Casa Cor, Morar Mais por Menos e Mostra Artefacto, Renato executa qualquer objeto imaginado por seus clientes.  Domina completamente a matéria-prima!
RenatoGALERIAPaulaNeder
Rebatedor para lustre assinado por Paula Neder na Galeria – Casa Cor 2010
Descobrir o Renato foi um achado! Ele faz de restaurações a criação de peças únicas: guarda-corpos, corrimão, lustres, abajures, luminárias…Não existe limite para ele. “Gosto de fazer coisas inovadoras, difíceis, adoro desafios”, explica Renato, que faz a maior parte das peças sob encomenda de arquitetos, mas trabalha também com o consumidor final. Neste caso, o cliente diz o que quer, ele desenha, faz sugestões sobre materiais e acabamentos e concretiza. Sua maior recompensa é ouvir o cliente dizer “adorei! Ficou lindo!”. É trabalho artesanal, personalizado, de excelência e único no Rio. Ou melhor, no Grande Rio porque Renato trabalha e vive em Itaipava.
RenatoARANDELA EM FERRO COM PINTURA NA COR GRAFITE E COM O TEMA ARABESCOS

Arandela em ferro – cerâmica de Luiz Salvador
Depois de participar de vários eventos do Casa Cor, este ano seu trabalho consistiu na execução, corte e acabamento das chapas de aço corten que compõe o pórtico e o nicho da Champanheria, dos arquitetos Bernardo Schor e Rogério Antunes.
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Chapas em aço corten para o pórtico da Champanheria – Casa Cor 2011
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Chapa em aço corten para nicho da Champanheria – Casa Cor 2011
Já no Jardim dos Pavilhões, de Cláudio Pedalinho, ele executou as criativas luminárias, também em aço corten, fincadas no chão.
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As cúpulas receberam pequenos furos, permitindo um efeito especial quando acessas. São divertidas pela desproporção entre o tamanho da cúpula e a haste bem fininha, o que dá a impressão de que estão flutuando.
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Sobre o aço corten, muito utilizado ultimamente pelos arquitetos, Renato me deu explicações preciosas. Segundo o artesão, o legítimo só existe em chapas, que são vendidas pelas fábricas em diversos tamanhos e espessuras. Trata-se de uma chapa preta, que, ao ser submetida a técnicas específicas, pode adquirir cores que vão do marron mais escuro ao alaranjado. Essas tonalidades se dão pela oxidação da materia-prima que, ao ser concluída não enferruja. Deu para entender? Tudo é possível com novas tecnologias!
O material usado para este fim é o náutico resistente a fatores abrasivos, tais como sol, chuva e maresia. Pode ser usado em cachepôs, jardineiras, revestimentos de parede e uma infinidade de outras aplicações.  Além das chapas, não existe qualquer outro formato de peça em aço corten. Porém, o acabamento “tipo aço corten” pode ser obtido com o ferro. “Tenho técnica de enferrujar a peça artificialmente. Assim, ela pode ficar mais escura, mais clara, mais bruta, menos bruta, com manchas ou mais homogênea, com brilho ou sem brilho”, explica.
RenatoESCRITÓRIO DE ARQUITETURAARANDELAS E LUSTRE MANECO QUINDERÉ
 
Execução de lustre assinado por Maneco Quinderé para escritório de arquitetura
Renato também marcou presença no Morar Mais 2011, no Estúdio da Solteira, das arquitetas Evelyn e Elise Drummond com a mesa de centro que transmite toda a bossa carioca.
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Mesa de centro do Estúdio da Solteira – Morar Mais por Menos 2011
Na área central, onde se apóia o vidro redondo translúcido, foram esculpidas, através de vergalhões, cenas turísticas do Rio, como o Pão de Açúcar, as ondas do mar, as palmeiras do Jardim Botânico, a Pedra da Gávea e o Cristo.
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Mesa de centro do Estúdio da Solteira – Morar Mais por Menos 2011
O acabamento foi tipo aço cortén sobre o ferro em sua essência e sem produtos tóxicos, o que se enquadra bem no conceito de sustentabilidade.
Alguns outros trabalhos:
RenatoESCADA casacor2009

Execução da escada do Estúdio do Casal por Paola Ribeiro – Casa Cor 2009
renatoPRIMA BRUSCHETTERIA - LEBLON - PENDENTES EM METAL E NA COR VERMELHA
Pendentes em metal vermelho – Prima Bruschetteria
no Leblon – projeto do arquiteto Marcelo Jardim
RenatoPendenteAçoCorten
Pendente para iluminação de mesa de sinuca com

acabamento em aço corten – projeto de Maurício Nóbrega


RenatoMostra Artefato Beach & Country

Execução de arandela em latão assinada por Clara Madalon
Mostra Artefato Beach & Country 2011
RenatoPaulaNederApeIpaname

Espelhos em latão com banho de níquel escovado
para apartamento em Ipanama – projeto de Paula Neder

Renato Martins:
omelhoremmetais@yahoo.com.br
24 – 9995.7203
www.omelhoremmetais.blogspot.com

Publicado originalmente no blog Um Brinco

Veja também:





terça-feira, 25 de setembro de 2012

Morar Mais RJ reafirma vocação para estilo hi-lo

(o que você vai ver de perto)

Harmonizar soluções criativas, artesanais e de baixo custo com itens de valor mais alto disponíveis no mercado é o principal desafio dos arquitetos que participam da 9ª edição da mostra de decoração Morar Mais por Menos, que abre ao público nesta quinta-feira (27/09) na Pequena Cruzada, na Lagoa (até 4 de novembro)

Confira abaixo alguns ambientes:
Na Loja da Casa, as arquitetas Elise e Evelyn Drummond usaram como revestimento de parede placas de poliestireno em alto relevo medindo 50×50cm, ao custo de R$ 15, em média, a placa. O forro decorado, como o produto é conhecido, dispensa outros acabamentos e possui diferentes tipos de textura/desenhos, além de poder ser pintado. Cobertas com retalhos de crochê em tons claros, as luminárias pendentes proporcionam efeito cênico no ambiente.

04 Loja da Casa - Elise Drummond e Evelyn Drummond

Para baratear o projeto do Quarto do Bebê Menino, as arquitetas Ana Caminha, Carla Cotrim e Loana Goldschmidt investiram no mobiliário em MDF e na criatividade. A luminária com diversos pontos de luz em formato de pequenas bolas é um galho de árvore encontrado na rua, que ganhou aplicação de verniz fosco e foi preso à parede usando braçadeiras de metal, disfarçadas pelos ninhos de passarinho.

17 Quarto de Bebê Menino - Ana Caminha, Loana Goldschimidt e Carla Cotrim

No Estúdio da Mulher, bancadas de gesso, piso de sisal sintético, cama, estante e prateleiras feitas com tapume de obra (placas OSB – mais barata e mais resistente que outros derivados de madeira, além de sustentável) dão o tom no ambiente assinado pelas arquitetas Juliana Bongiovanni e Luciana Lage e pela designer Dolores Marafelli. Mas o charme do ambiente são as tubulações aparentes, usadas tanto no teto (para fixar lâmpadas dicroicas) como sob a prateleira (com função de cabideiro de roupa). Normalmente escondidos sobre o gesso, as profissionais optaram por aplicar camadas de tinta amarela na tubulação, transformando-a também em elemento decorativo.


Nove luminárias pendentes com diferentes cores e formatos pedem atenção para as almofadas sobre a cama, produzidas por cooperativas de artesãos. O espaço aposta na diversidade de tons, com destaque para o vermelho e o amarelo. 

19 Estúdio da Mulher - Dolores Marafelli, Juliana Bomgiovani e Luciana Lage - foto 1

No Quarto dos Gêmeos idealizado pelas designers de interiores Bia Muniz e Karla Gaby o mobiliário exclusivo foi todo confeccionado por marceneiro. O enorme guarda-roupa guarda também um segredo: a cama da babá, que, camuflada, libera espaço para que as crianças brinquem durante o dia. O adesivo nas portas quebra a monotonia do branco e proporciona um efeito visual marcante. E o melhor: as crianças cresceram? É só trocar a estampa.

20 Quarto dos Gêmeos - Bia Muniz e Karla Gaby

Para o Estúdio do Artista, as designers de interiores Joana Di Marino, Márcia Calderaro e Pualani Di Giorgio criaram um ambiente descolado ao usar objetos pra lá de acessíveis. Com apenas R$ 13, por exemplo, tijolos de concreto foram dispostos de maneira que pudessem ser usados como uma pequena adega, que serve também de mesa lateral. A despensa para frutas e legumes é feita com baldes de alumínio presos à parede e a base da mesa de jantar são cones de sinalização de rua reaproveitados. A tubulação aparente assume quatro cores distintas, que ganham destaque na parede texturizada com cimento e argamassa, dispensand revestimento. O piso é de madeira de demolição.

29 Estúdio do Artista TOK STOK - Joana Di Marino, Marcia Calderaro e Pualani Di Giorgio - foto 4

Na sala de TV projetada pela arquiteta Estela Pinheiro, todos os móveis são feitos de materiais reciclados. Tanto o painel de tv como a mesa de centro (que ganhou acabamento com tinta azul) foram produzidos com pallets, plataformas de madeira sobre a qual se empilha carga a fim de ser transportada em grandes blocos.

36 Espaço Caixa - Estela Pinheiro - foto 1

A solução de iluminação proposta pela dupla de arquitetos Paula Suarez e Felipe Mazzoni na Loja Sebrae “Tudo Isso é o Céu Também” chama atenção pela criatividade e pelo impacto visual. Rodas de bicicleta e lâmpadas de LED pendentes em fios e bocais simples ganharam vida nova como lustres, que compõem a despojada iluminação central do ambiente.

43 Loja Tudo isso e o céu também - Felipe Mazzoni e Paula Suarez

Pode não parecer, mas o colorido painel do projeto da designer de interiores Márcia Matos, a Loja Coisa de Criança, foi produzido com pratinhos descartáveis. Mais precisamente 60 deles, dispostos em blocos de cores diversas e colados com fita dupla face, ao lado de sobras de espelho, numa placa de MDF medindo 2,0×1,40m. Com exceção da mão-de-obra, os custos não ultrapassam R$ 210. Para diminuir os gastos, o painel pode ser feito diretamente na parede.

44 Loja Coisa de Criança - Marcia Matos

No Estar dos Amigos do apartamento com decoração de fazenda, as arquitetas Denyse Santini e Águeda Santini usaram grade de metal como divisória de ambiente e canos de cobre aparentes com função de cabideiro e revisteiro:

54 Estar dos amigos Brookfield - Denyse Santini e Águeda Santini - foto 4

Um dos destaques do Quarto de Bebê Zebras assinado pelos arquitetos Francisco Palmeiro e Patrícia Lima é a luminária feita com cama de ferro antiga garimpada pela dupla num antiquário. Presa ao teto de cabeça para baixo, foi coberta por 20 metros de guirlanda com flores de organza iluminadas com LED (para não esquentar). As luminárias pendentes com cúpulas de vasinho de flor.


Também no Quarto de Bebê Zebras, a prateleira foi feita com tela de náilon (de cadeira de praia), o cabideiro com cano de cobre e estante com 6 engradados de plástico azul empilhados. Outro destaque é o cabideiro feito com 3 registros de água fixados sobre um pedaço de madeira.

 
Na Cozinha da Casa, as designers de interiores Danielle Boggis e Márcia Magalhães deram vida nova ao carretel de fiação de rua descartado, agora usado como mesa para refeições, com pintura azul. A geladeira antiga foi reformada e confere um ar vintage ao ambiente.

58 Cozinha da Casa - Danielle Boggiss e Márcia Magalhães

Assinada pela arquiteta Kátia Jendiroba Paixão, a Varanda Brasileira aposta em produtos nacionais e sustentáveis. Esteiras de palha natural foram usadas para forrar o teto enquanto as paredes ganharam revestimento em papel de parede com impressão digital de tapetes artesanais feitos com sobras de tecido, normalmente vendidos em beira de estrada.



09 Varanda da Praia -  Katia Jendiroba Paixão